Durante um ano e meio, Luiz Eduardo utilizou diariamente vassouras, rodos e baldes para trabalhar como auxiliar de limpeza. Foi seu primeiro emprego após concluir o ensino médio. Atualmente ele continua lidando com esses utensílios, mas de um jeito diferente. O jovem venezuelano de 21 anos foi contratado como Jovem Aprendiz do departamento de design de produto de uma empresa catarinense que fabrica itens de limpeza e higiene para o Brasil e demais países do Mercosul.
Cursando o 3º semestre da graduação em Design de Produto no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Luiz Eduardo acredita que o acesso ao ensino superior está ampliando suas oportunidades no mercado de trabalho.
“Estar na faculdade me ajudou bastante a conseguir esse emprego, isso me incentiva a estudar cada vez mais. Gosto de participar da criação de produtos e também de ter contato com outras equipes, como a do marketing e do comercial”, afirma.
A chance de atuar nessa empresa sediada na Grande Florianópolis surgiu por meio do Projeto Oportunidades – Integração no Brasil, iniciativa da Agência da ONU para as Migrações, OIM, para impulsionar a integração econômica de venezuelanos e migrantes de países vizinhos. Em Santa Catarina o projeto é parceiro da Círculos de Hospitalidade, responsável pela construção de parcerias com o setor privado e encaminhamento de pessoas migrantes às vagas de emprego.
Luiz Eduardo foi contratado na modalidade Lei do Jovem Aprendiz, iniciativa federal que tem como objetivo capacitar e inserir jovens com idade entre 14 e 24 anos no mercado de trabalho. O registro do Jovem Aprendiz é feito na Carteira de Trabalho e na Previdência Social, garantindo direitos trabalhistas e previdenciários. O contrato pode ter duração de até 24 meses.
“A gente só tem a ganhar com o Luiz Eduardo. Além de ser estudante de design de produto, teve a experiência de usuário, pois já trabalhou na área de limpeza. Atualmente ele é responsável por cadastrar os produtos novos e ajudar a identificar os diferenciais. Também o envolvemos na parte de pesquisa de mercado, para que ele comece a se inteirar. Cuidamos do produto do início ao fim, e o Luiz nos auxilia nesse processo como um todo”, explica Luana Neves, gerente de desenvolvimento de produtos.
Acompanhado pela mãe, que é enfermeira, o irmão mais novo e a avó, Luiz veio para o Brasil aos 15 anos. A família viveu um ano em Manaus e depois seguiu para Florianópolis com o apoio do programa de interiorização da Operação Acolhida. Entre os motivos para deixar o estado de Miranda, na Venezuela, ele cita a crise econômica e as dificuldades de acesso a alimentos.
“Os primeiros meses no Brasil foram difíceis, entrei em crise e queria voltar. Hoje penso que ainda tenho muito o que aprender aqui”, conclui o jovem.
Para a gerente Luana, a presença de Luiz Eduardo na empresa deve estimular a contratação de mais migrantes em outros departamentos.
“Precisamos de equipes mais diversas. Pessoas com experiências diferentes da nossa é que vão agregar para o nosso futuro e diferenciação no mercado”.
Em Santa Catarina, mais de 200 pessoas da Venezuela e de países vizinhos ao Brasil foram contratadas em 2023 por meio do projeto Oportunidades – Integração no Brasil.
Texto e fotos: Sansara Buriti