Jovem venezuelana participa de reunião do Projeto Integra

Semanalmente, a equipe técnica do Projeto Integra* realiza reunião de alinhamento e acompanhamento das atividades de proteção e integração local de pessoas refugiadas e migrantes em Santa Catarina. Nessa semana, a reunião teve a participação da venezuelana Camila Chapel ,19, que chegou há cinco meses em Florianópolis e pretende estudar administração. 

“Minha prioridade é estudar. Quero ter um título universitário e abrir junto com minha irmã o nosso próprio negócio, um pequeno salão de estética. Espero que o Brasil me proporcione boas oportunidades”, conta a jovem, que na Venezuela trabalhava em uma pousada gerenciada por familiares.

Com o agravamento da crise econômica e social na Venezuela, Camila passou a fazer parte dos mais de 5 milhões de venezuelanos que deixaram o país nos últimos anos, segundo dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). 

A hiperinflação no preço dos alimentos impactou profundamente a vida da família. Na casa onde morava com os avós, a mãe e a irmã, não foram poucos os dias em que tiveram de escolher quem iria se alimentar.

“Não tinha comida para todos. Nós deixávamos de comer para que meus avós pudessem se alimentar”, relata a jovem.

Maria Beatriz Maia, coordenadora do Projeto Integra, conheceu Camila durante a implantação de uma horta comunitária no CRAS – Continente (Centro de Referência em Assistência Social). Na ocasião, a jovem demonstrou interesse em conhecer o cotidiano de uma gestora e foi convidada por Maria Beatriz para acompanhar sua rotina de trabalho na Círculos de Hospitalidade. 

Camila Chapel e Maria Beatriz, coordenadora do Projeto Integra.

“Conversamos sobre as habilidades e principais atividades realizadas por um gestor. Ao final, apresentei a possibilidade de orientá-la no desenvolvimento de algum projeto com pessoas migrantes e refugiadas em que ela possa estar numa posição de liderança”, explica Maria Beatriz, psicóloga com foco nas áreas de gestão de projetos e gestão de pessoas. 

Maria Beatriz também falou sobre formas de ingressar em universidades brasileiras, destacando instituições públicas que implementaram políticas de ingresso para migrantes e refugiados, como a UFPR, desde 2018, e mais recentemente a UFSC, que em maio de 2022 lançou edital com 10 vagas remanescentes em cursos de graduação no campus de Florianópolis. 

“Florianópolis é muito bonita. Gostei do centro, das praias de Canasvieiras e Jurerê, mas ainda não conheci muita coisa. Gosto do clima daqui, lá na Venezuela é muito quente”, comenta Camila, que antes de vir costumava procurar fotos da cidade na internet. 

Atualmente ela vive com os avós na região continental de Florianópolis e espera que a irmã de 17 anos também possa em breve deixar a Venezuela para se juntar à família no Brasil.

“Eu amo meu país, sinto saudade da minha família, dos meus amigos, mas quero ser alguém. São tantas coisas que eu gostaria de ser, de ter, e que infelizmente a Venezuela não vai poder me proporcionar”, conclui a jovem. 

Clefaude Estimable (mediador cultural), Maria Beatriz Maia (coordenadora do Projeto Integra), a visitante Camila Chapel e Ana Luiza Odebrecht (assistente de proteção).

Ao final da visita ao escritório da Círculos de Hospitalidade, Camila compartilhou suas impressões:

“Gostei muito de vir aqui, gostei da organização de vocês, de ver que na reunião todos dialogavam bastante para juntos chegarem a uma resposta concreta.”

*O Projeto Integra é implementado pela Círculos de Hospitalidade de acordo com o termo de colaboração firmado com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Convênio 917921/2021, e realizado com o financiamento do Edital de Chamamento Público SENAJUS N° 01/2021.

Texto e fotos: Sansara Buriti 

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Cynthia Orengo

Vice-presidente

Cynthia é gestora de pessoas e servidora do Ministério Público Federal. Trabalha com projetos que resgatam o princípio da dignidade da pessoa humana, por meio de ações de responsabilidade social e voluntariado. Foi parceira da Círculos de Hospitalidade em diversos projetos e ações, como o Pedal Humanitário, que idealizou junto com a Bruna Kadletz. Apaixonada  pelas causas humanitárias, acredita em um mundo sem muros e fronteiras. Na organização, trabalha com ações de acolhimento, proteção e integração de pessoas deslocadas.